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DOMINGOS PAIS BARRETO CARDOSO
( 1888 – 1960 )
Domingos Pais Barreto Cardoso, poeta, jornalista e advogado, nasceu na cidade de São Miguel dos Campos, estado de Alagoas, no dia 08 de Setembro de 1888, filho de Domingos da Silva Cardoso e de dona Adélia País Barreto Cardoso.
Estudou Humanidade na cidade de Maceió, formando-se em Direito pela Faculdade do Recife em 1910.
Foi redator do jornal " O Gutenberg " e das revistas Literárias " Exedra e Renascença " , tendo sido também diretor desta última.
Exerceu as seguintes funções: Diretor da Instrução Pública, Juiz Municipal de Maceió, Juiz de Direito de Murici e de São Luiz de Quitunde, Secretário da Fazenda e Desembargador da Corte de Apelação.
O mesmo é fundador da Academia Alagoana de Letras - AAL, da qual foi presidente e o primeiro ocupante da cadeira de número trinta e três, com o pseudônimo de Falstaff.
Durante sua carreira jornalística, manteve uma seção no Jornal de Alagoas, na qual fazia, principalmente, Crônicas Carnavalescas, com o tema: k.k.CIA e a seção em Versos Bagos e Bagaços no Jornal Gazeta de Alagoas.
Foi empossado como Membro Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas - IHGA, em 16 de março de 1931.
Não publicou nenhum livro, mas tem um trabalho acadêmico, intitulado de o Discurso do Dr. Barreto Cardoso, que foi publicado em 1932, na revista do instituto, volume 36, ano 59, na página 08 a 82, além de ter também publicado diversos trabalhos avulsos em prosas e versos.
O nobre poeta miguelense faleceu no dia 27 de fevereiro de 1960, na cidade de Maceió.
( Escrito por Ernande Bezerra de Moura )
Extraído de https://www.portalescritores.com.br
AVELAR, Romeu de. Coletânea de poetas alagoanos. Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959. 286 p. ilus. 15,5x23 cm. Exemplar encadernado. Bibl. Antonio Miranda
S E I O S
I
Seios que vivem, tímidos, pulsando
Num transparente cárcere de renda,
Ocultos e medrosos, evitando
De cúpidos olhares oferenda;
Seios que dentro do resguardo brando
Livres estão que seu primor acenda
Ou possa despertar, de quando em quando,
Libertino apetito que os ofenda;
Seios, flores de carne olente e nua,
Cujos botões são leves pinceladas
De tinta do sol-poente sobre a lua;
Seios, fonte de sonhos e desejos,
Seios de noivas puras, consagradas
A porvindouros festivais de beijos.
II
Seios gentis, macios e perversos,
Das delícias do amor gêmeos emblemas,
Que provocam a licença dos meus versos
E inspirem aos vates, imortais poemas!
Que lindos são quando enrilham tersos,
Como brilhantes, cristalinas gemas
Ou se amolentam em apatia imersos,
A alma cismando em passionais problemas!
São frutos de um pomar cheiroso e belo,
São dois pagens irmãos cantando amor,
Debruçados na ameia de um castelo;
Eflúvios de luar cristalizados
Onde o sol imprimiu, ciumento, a cor
Dos soberbos mamilos nacarados.
III
Pulcros assim, tão pulcros e escorreitos,
Os seios que celebro, muito embora
Sejam de arte um ideal, dos mais perfeitos,
Que de plasmá-los o artista se alcandora.
Sinto que eles não vivem satisfeitos
Na grave abstinência que os devora.
Querem sair dos cárceres estreitos,
Sequiosos de luz, tontos de aurora.
Antegostam prazeres ignorados,
Adivinham a quadra apetecida
De mistérios profundos e sagrados,
Um tempo a vir, e em que, formosa idade,
Não provocam paixões, porém dão vida
Sacrificados à maternidade.
Q U A D R A S
Vê, querida, o que eu faço
Por amor dos teus desejos:
Gatuno — por um abraço,
Até ladrão — por um beijo.
Aprende o que o amor ensina
Na Bíblia de tua boca.
Sempre a lição acho pouca.
Repetí-la é minha sina.
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Página publicada em junho de 2021
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